Antônio Conselheiro
Antônio Vicente Mendes Maciel ( Vila de Campo Maior, 13 de março de 1830 - Canudos, 22 de setembro de 1897), masi conhecido na História do Brasill como Antônio Conselheiro, foi um líder social brasileiro.
Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897.
A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.
Cronologia
Infância e vida no Ceará
1830: Nasce Antônio Vicente Mendes Maciel, no dia 13 de março de 1830, na vila de Quixeramobim, interior do Ceará, então um pequeno povoado perdido em meio á caatinga do sertão central da paupérrima provìncia do "Ceará Grande". Desde o inicio da vida, seus pais queriam que Antônio seguisse a carreira sacerdotal, pois entrar para o clero era naquela época uma das poucas brechas que os pobres teriam para ascender socialmente. Com a morte de sua mãe, em 1834, a meta de transformar Antônio Vicente em padre tem seu fim. Seu pai casa-se novamente; há regisatros de que a madrasta espancava e maltratava o menino severamente.
1855: Morre o pai de Antônio, ele é obrigado a abandonar os estudos e assumir o comércio da familia aos 25anos de idade; malogram de vez quaisquer sonhos sacerdotais. Estes negócios não vão nada bem (mais tarde Antônio será processado devido a não quitação de suas dívidas)
1857: Antônio casa-se com Brasilina Laurentina de Lima, uma jovem de filha de um tio seu. No ano seguinte, o jovem casal muda-se para Sobral, onde Antônio Vicente para a viver como professor do primário, dando aulas para os filhos dos comerciantes e fazendeiros da região, e mais tarde como advogado prático, defendendo os pobres e desvalidos em troca de pequena remuneração. Passa a a mudar-se constatemente, em busca de melhores mercados para seus ofícios; primeiro vai para Campo Grande (Atual Guaraciaba do Norte), depois Santa Quitéria e finalmente Ipu, então um pequeno povoado localizado bem na divisa entre os sertões pecuaristas e a fértil Serra da Ibiapaba.
1861: Flaga a sua mulher em traição conjugal com um sargento de policia em sua residência na Vila do Ipu Grande. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona o Ipu e vai procurar abrigo nos sertões do Cariri, já naquela época um pólo de atração para penitentes e flagelados, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do nordeste.
Peregrinações
1874: No Sergipe, o jornal O Rabudo traz a primeira menção pública de Antônio Maciel como penitente conhecido nos sertões. Há seis meses ques por todo o centro desta Província e da Província da Bahia, chegado (diz ele) do Ceará, infesta um aventureiro santarrão de se apelida por Antônio dos Mares. O que, a vista dos aparentes e mentirosos milagres que dizem ter ele feito, tem dado lugar a que o povo trate por S. Antônio dos Mares. Esse misterioso personagem, trajando uma enorme camisa azul que lhe serve de hábito a forma de sarcedote, péssima suja, cabelos mui espessos e sebosos entre os quais se vê claramente uma espantosa multidão de bichos (piolhos). Distingue-se pelo ar misterioso, olhos baços, tez desbotada e de pés nus; o que tudo concorre para tornar a figura mais degradante do mundo. ( O Raubo, 22 de Novembro de 1874).
1876: Já famoso como "homem santo" e peregrino, Antônio Conselheiro é preso nos sertões da Bahia, pois corre o boato de que ele teria matado mãe e esposa. É levado para o Ceará, onde se concluiu que não hé nenhum indício contra a sua esposa: sua mãe havia morrido quando ele tinha seis anos. Antônio Conselheiro é posto em liberdade e retorna à Bahia.
1877: O Nordeste do Brasil passa por uma das mais calamitosas secas de sua história; levas de flagelados perambulam famintos pelas estradas em busca de socorro governamental ou de ajuda divina; bandos armados de criminosos e flagelados promovem justiça social "com as próprias mãos" assaltando fazendas e pequenos lugarejos, pois pela ética dos desesperados "roubar para matar a fome não é crime". Cresce a notoriedade da figura de Antônio Conselheiro entre os sertanejospobres; para eles, Antônio Conselheiro, ou "Bom Jesus", comom também passa a ser chamado, seria uma figura santa, um profeta enviado por "Deus" para socorrê-los.
1888: Fim da escravidão; muitos ex-escravos, libertos e expulsos das fazendas onde trabalhavam sem ter então nenhum meio de subsistência, partem em busca de Conselheiro.
Arraial de Canudos
1893: Cansado de tanto peregrinar pelos sertões e então sendo um "fora da lei", Conselheiro decide se fixar à margem Norte do Rio Vaza-Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Nasce ali uma experiência extraordinária: em Bello Monte (como a rebatizou Antônio Conselheiro, apesar de encontrar-se num vale cercado de colinas), os desabrigados do sertão e as vitimas da seca era recebidos de braços abertos pelo peregrino. Era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um "lugar santo", em segundo os seus adeptos. Os grandes fazendeiros e o clero sentem que seu poder está sendo ameaçado, e começam a se articular em busca de uma "solução" ao problema.
A Guerra de Canudos
1896: Ocorre o episódio que desencandeia a Guerra de Canudos: em 24 de novembro deste ano, é enviado a primeira expedição militar contra Canudos, sob comando do Tenente Pires Ferreira. Mas a tropa é supreendida pelos "fanáticos" de Antônio Conselheiro, durante a madrugada, em Uauá. Após uma luta corpo-a-corpo são contados mais de cento e ciquenta cadáveres de conselheiristas. Do lado do exército morreram oito militares e dois guias. Estas perdas, embora consideradas insignificantes quanto ao número nas palavras do comandante, ocasionaram o retiro das tropas. Em 29 de dezembro de 1896 tem inicio uma segunda expedição militar contra Canudos. Assim como a primeira, esta expedição foi violentamente debelada pelos Conselheiristas.
1897: Tem inicio a terceira expedição contra Canudos; comandada pelo capitão Antônio Moreira César, conhecido como "o Corta-Cabeças", por suas façanhas "heróicas" na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul. Mas, acostumados aos combates tradicionais, Moreira César não estava preparado para eliminar Canudos, e foi abatido por tiros certeiros de homens leais a Antônio Conselheiro. A tropa foge em debandada, deixando para trás armamentos e munição. Para os conselheiristas, trata-se de uma nova prova cabal de "santidade" do beato de Belo Monte. Em 5 de abril de 1897 tem inicio a quarta e última expedição contra Canudos; desta vez o cerco foi implacável; até muitos dos que se rendiam foram mortos; eliminar Canudos e seus "fanáticos habitantes" tornou-se uma questão de honra para o exército.
Morte
22 de Setembro de 1897: Morre Antônio Conselheiro. Não se sabe ao certo qual foi a causa da morte. As razões mais citadas são ferimentos causados por uma granada, e uma forte "caminheira" (desinteria)
5 de outubro de 1897: São mortos os últimos defensores de Canudos, e o exército inicia a contagem das casas do arraial.
6 de outubro de 1897: O cadáver de Antônio Conselheiro é encontrado enterrado no Santuário de Canudos, sua cabela é cortada e levada até a Faculdade de Medicina de Salvador para ser examinada pelo Dr. Nina Rodrigues, pois para a ciência da época, " a loucura, a demência e o fanatismo" deveriam estar estampados nos traços de seu rosto e crânio. O Arraial é completamente destruido
3 de março de 1905: Um incêndio na antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destrói a cabeça de Antônio Conselheiro, que lá se encontrava desde o final da guerra de Canudos, em outubro de 1897.
Fonte: wilkipédia